PENÚLTIMO DIA DE EXPEDIÇÃO DO FLUTUADOR MOSTRA CONTRASTES. (comentado)

Chuva de domingo (23) trouxe muito lixo à represa de Guarapiranga.
Em uma ilha, animais resistem à poluição, pois água é melhor. 


Nesta segunda-feira (24), penúltimo dia da expedição do flutuador, que percorre represas da Grande São Paulo, cenas contrastantes marcaram a viagem na Represa da Guarapiranga, na Zona Sul da capital. O que se viu foi muito lixo e grande parte dele foi trazida pela chuva de domingo (23).

Na água, havia garrafa pet, pneu, cesto de lixo. A sujeira foi trazida dos bairros no entorno, coisas que as pessoas esqueceram de jogar na lixeira. “Parece que nós estamos navegando no Rio Tietê, no Rio Pinheiros, quando, na verdade, estamos na represa de Guarapiranga”, diz Fabiano Palese Inácio, soldado da Polícia Ambiental.

Às 7h45, o flutuador marcou o pior índice de oxigênio do dia: 0,3 mg/l, considerado péssimo. No começo da tarde, uma pausa. Em uma ilha da região, os animais resistem com mais saúde, pois a qualidade da água é melhor. Na reta final do percurso, e da expedição, a paisagem piora de novo.

“Espero que, daqui a alguns anos, a gente venha a refazer essa viagem, mas entregar para São Paulo uma represa digna de água que a gente consome”, diz Dan Robson, o guardião do flutuador.

Nesta terça-feira (25), último dia de viagem, o flutuador irá navegar os últimos 7,5 km para completar a expedição pelas represas. O ponto final será no Parque Praia do Sol.

Fonte: G1

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Resenha do autor

Para quem acompanha a viagem e as novas medições do flutuador que por mais simplórias que sejam demonstram a inaptabilidade a vida de alguns trechos do Tietê.

Em muitos trechos é possível ver a falta de tratamento de esgoto que abrange grande parte de São Paulo.  Hoje, 81% dos domicílios estão ligados a rede de esgoto, e 70% recebem o tratamento adequado. Mas como sabemos não é suficiente considerando que as indústrias contribuem em uma escala muito mais para os processos de poluição e assoreamento de rios.

Muitas indústrias que já tiveram visita da CETESB (órgão fiscalizador) ainda sim liberam resíduos não somente poluente mas também sem tratamento eliminando um cheio desagradável em pleno centro urbano. Um poluente pode ser qualquer substância, seja ela tóxica ou não, mas que em grandes quantidades ou durante muito tempo pode interferir no pleno desenvolvimento (chamado de homeostasia) de um ecossistema.

O rio Tietê pode ser despoluído caso haja interesse, competência e boa vontade do governo, ou melhor, dos governos uma vez que é um processo contínuo e a longo prazo, o que é um grande desafio considerando o governo fractário e partidário.

Essa possibilidade é grande, um exemplo que cito é o rio Danúbio, o segundo maior de toda Europa ou o Tâmisa na Inglaterra

O Tâmisa hoje detém uma população de quase 13 milhões de pessoas e dispõem 66.962 km de tubulações da rede de esgoto tratando cerca de 2,8 milhões de litros de água por dia.
O Tâmisa foi considerado um rio morto em 1957 quando grandes populações de muitas espécies de peixes desapareceram, deixando somente 45 delas. No século XIX milhões de londrinos morreram de cólera trazida por navios que navegam por este rio. A poluição causada pelas batalhas de guerra da Inglaterra e o comercio destruíram grande parte do rio que por volta da década de 60 estabeleceu a compromisso sério de restabelecer o rio.

Desde a década de 80 as espécies de peixes vem aumentando substancialmente. Hoje há diversas espécies de água doce como o brema (Abramis brema), Escalo-do-sul (Leuciscus leuciscus), Perca (Perca fluviatilis), Rútilo (Rutilus rutilus) e um híbrido de brema com o rútilo, peixes de água salobra também vem ao rio Tâmisa como a Perca do mar (Dicentrarchus flesus), Linguado (Platichthys flesus), Enguia-comum (Anguilla Anguilla), Salmão (Salmo salar), Eperlamo (Osmerus aperlanus), Esgana-gata (Gasterosteu aculeatus), Savelha (Alosa finta), Tainha de lábio grosso (Mugil labrosus septentrionale) e a Solha (Solea solea).

Se realmente os países mais ricos do mundo já ameaçam ver o Brasil como um país de primeiro mundo então devemos demonstrar isso em nossas ações, considerando o contexto mundial ambiental atual. O que infelizmente não tem acontecido em toda a história da gestão, na educação ambiental do Brasil (considere a votação do novo e fajuto Código Florestal) e talvez na própria história da nação.

No governo do falecido Quércia (e com a maldade que me cerca fico feliz dele não estar mais entre nós) uma empresa japonesa se ofereceu para capturar materiais e resíduos do rio fundo do Tietê para levar a seu país e extrair matéria prima para a produção de produtos. O Japão estaria então limpando gratuitamente o Tietê em troca da matéria prima. Seria uma relação bastante simbiótica exceto pela ganância do que foi proposto. Orestes Quércia propôs uma cobrança ao Japão pelo material retirado, que obviamente não aceitou (sabiamente) o trato, e fechou a proposta com outros países. Assim, o Tâmisa que foi despoluído em 10 anos hoje desfruta de leis rígidas com prisão a quem poluir o rio, enquanto aqui no Brasil vemos Dan Robson falando sobre geladeiras e TVs flutuando no Tietê.

 Por enquanto nos lugares onde Dan Robson tem se enroscado mostram o contrário, a incapacidade e incompetência do poder público de regulamentar e fiscalizar a ampliação do tratamento de esgoto da cidade, de não cumprir o planejamento e cronograma de limpeza do rio (desassoreamento) e principalmente de nenhuma atividade na ampliação da abordagem da temática ambiental em projetos de educação ambiental. Pergunte a você mesmo que mora próximo de um rio poluído se há algum projeto de educação ambiental da prefeitura de sua cidade que trabalhe a questão da educação ambiental com a comunidade local, que insira novas atividades pedagógicas, culturais com a finalidade de melhor a vida do cidadão. Até o momento foram investidos mais de 50 bilhões de reais em limpeza no Tietê e parece que em nada mudou. Gostaria de saber quanto foi investido em educação ambiental e conscientização.

Enquanto vermos milhares de garrafas pets nos rios formando uma malha de algas e plantas aquáticas veremos o reflexo da incapacidade e incompetência do governo em investir em prevenção, cujo o sinônimo é educação ambiental.

Scritto da Rossetti

Palavras chave: Netnature, Rossetti, Flutuador, Meio ambiente, Gestão Ambiental, Educação Ambiental, Tâmisa, Tietê.

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